22 de novembro de 2010

A rainha dos Andes - a maior bromélia do mundo

A Puya raimondii é a maior bromélia conhecida
O Altiplano Andino é terra de lendas, cidades perdidas e tesouros mitológicos. Mas a cerca de 80 quilômetros de La Paz, num pequeno povoado com nome cinematográfico, uma preciosidade bem real exibe-se à luz do sol e passa despercebida à maioria dos viajantes.

No fim de uma estrada sem placas, o povoado de Comanche — do aymara “pedra ou montanha lisa” — é o lar da Puya raimondii Harms. A maior bromélia conhecida pela ciência pode alcançar os 14 metros de altura e uma inflorescência de seis metros ou mais.

16 de novembro de 2010

Roteiro Peru e Bolívia de La Paz a Machu Picchu


Machu Picchu no Peru

Este roteiro Peru Bolívia confirmou que é impossível me cansar de ver Machu Picchu


É possível sentir ainda alguma grande emoção, numa terceira visita a Machu Picchu? Era isso que eu vinha me perguntando, desde que comecei organizar este Roteiro Peru e Bolívia, uma nova viagem aos Andes. 

Meu plano original era ficar apenas na Bolívia, um país que eu queria muito explorar e do qual, até então, só conhecia as perigosas áreas de fronteira, que visitei como repórter. 

Montanha Illimani em La Paz na Bolívia
Templo de Kusi Qancha em Cusco no Peru
Cada uma a seu modo, duas cidades apaixonantes: no alto, a Montanha Illimani no horizonte de La Paz. Acima, o templo Kusi Qancha, em Cusco

Mas o “projeto Andes 2010” acabou ganhando a adesão da minha irmã, Simone Campos, e da minha amiga Marusia Andrade, que ainda não tinham andado por essas bandas. Foi assim que a viagem virou um roteiro Peru Bolívia, de La Paz a Machu Picchu.

Depois dessa jornada, posso atestar que é impossível cansar de ver Machu Picchu e Cusco (e tanto é assim que já voltei lá pela quarta vez, em 2018, para um roteiro de 10 dias no Peru, incluindo essas duas lindas). 

Estreito de Tikina no Lago Titicaca na Bolívia
Ilha do Sol no Lago Titicaca na Bolívia
Ilhas flutuantes dos Uros no Peru
O Lago Titicaca foi uma grande estrela deste roteiro Peru Bolívia. No alto, um atracadouro no Estreito de Tikina, a caminho da Ilha do Sol (centro), do lado boliviano. Acima, navegação entre as Ilhas Flutuantes dos Uros, na região de Puno, do lado peruano

14 de novembro de 2010

Um dia no Vale Sagrado dos Incas

Ollantaytambo, antiga fortaleza inca
Atualizado em julho de 2018
Passar um dia no Vale Sagrado dos Incas é um programa clássico para quem visita Cusco. O Vale do Rio Urubamba tinha grande importância política, econômica e religiosa para o Império Inca, como atestam uma série de construções impressionantes, hoje convertidas em atrações turísticas. Lá estão a fortaleza de Ollantaytambo, o antigo centro agrícola de Písac e a vila inca de Chinchero, onde persistem a cultura, as técnicas têxteis e a língua quéchua.

O Vale do Urubamba — rio também chamado de Willcamayu, sagrado para os incas e uma das origens do Amazonas — merece ser explorado com calma, em um roteiro de dois ou três dias. Mas se você não dispõe de tanto tempo, pode ter uma boa ideia sobre a região fazendo um tour de um dia inteiro. Já fiz esse passeio três vezes e acho bem legal.

A maioria das agências de turismo de Cusco oferecem esse passeio a preços bem acessíveis, passando por mercados de artesanato, Písac, Ollantaytambo e pela fofa vila de Chinchero, a mais de 4 mil metros de altitude.

A boa mesa de Cusco

Balcão sobre o pátio do Restaurante Pachapapa:
bom achado em San Blas
Atualizado em fevereiro de 2018

E tem post mais novo sobre os restaurantes de Cusco, da nossa viagem de 2018 > Onde comer em Cusco

Cusco sempre fez muito bem para os meus olhos, mas muito pouco por meu paladar. Extasiada com a beleza da cidade, sempre me surpreendia suspirando de saudades de Lima, na hora das refeições. Quando me perguntavam sobre a culinária do lugar, lamentava dizer que beliscar choclos com queso e “churrasquinho-de-gato” de carne de lhama, nas áreas menos turísticas, tinham sido experiências gastronômicas mais gratificantes do que as vividas nos restaurantes da cidade.

Esta nova visita, porém, vai me obrigar a uma retratação: comi muitíssimo bem em Cusco. E não só porque pesquisei mais sobre restaurantes. Mesmo os lugares que resolvi arriscar, descobertos de passagem, surpreenderam positivamente.

11 de novembro de 2010

O que ver em Cusco - as heranças deixadas por incas e espanhóis

A elegância do encaixe das pedras no antigo Palácio de Inca Roca, em Cusco
A piadinha está num dos diálogos dos “Diários de Motocicleta”, filme de Walter Salles sobre a jornada do jovem estudante Ernesto Guevara pela América Latina. Em Cusco, um pequeno guia turístico mostra ao Che a superioridade das construções do povo quéchua sobre os edifícios erguidos pelos espanhóis: “Em Cusco há os prédios feitos pelos incas e os feitos pelos incapazes”.

Adoro a altivez quéchua, que faz o povo de Cusco muito mais afeiçoado a seu passado nativo — ainda que derrotado pelos invasores europeus — do que à herança dos colonizadores. No Brasil, quando falamos dos indígenas, o pronome é “eles”. Na Cordilheira, os indígenas são “nós”.

A imponência do templo de Sacsayhuaman,
nos arredores de Cusco
É uma altivez que se impõe nos monumentos oficiais, como na placa de bronze que chama a "Descoberta das Américas" de invasão, em plena Haucaypata, o amplo espaço de celebrações que os espanhóis transformaram em Plaza de Armas e cercaram de igrejas.

Quem olha o esplendor das construções, percebe num mapa o tamanho daquele império e descobre as engenhosas redes de defesas, comunicações e abastecimento montadas pelos incas, tem que concordar com seus descendentes.

10 de novembro de 2010

De Puno a Cusco: como é a viagem no ônibus turístico


Templo de Wiracocha em Raqchi no Peru
Templo inca de Wiracocha, em Raqchi, Peru, uma das paradas do ônibus turístico que faz a rota entre Puno e Cusco


Post atualizado em fevereiro de 2018

O jeito clássico e confortável de ir de Puno a Cusco, no Peru, é de trem, com a Perurail. É uma viagem de cerca de 10 horas, atravessando a paisagem de transição entre o Altiplano e a Sierra.

Uma alternativa muito mais econômica é ir no ônibus turístico, que faz o percurso no mesmo tempo, mas faz várias paradas para visitas a sítios arqueológicos e cidades interessantes, tornando a viagem mais divertida e muito mais barata.

Estrada entre Puno e Cusco, no Peru
Fiquei encantada com a paisagem da estrada entre Puno e Cusco


Fiz a viagem de Puno a Cusco no ônibus turístico em 2010 — as paradas no caminho não mudaram de lá pra cá.

Neste post, você vai ver as vantagens de viajar de Puno a Cusco no ônibus turístico, os preços, as atrações do caminho e a comparação de preços com os trens.

Veja as dicas:

9 de novembro de 2010

Peru: as Ilhas Flutuantes dos Uros


Ilhas flutuantes dos Uros em Puno Peru
Ilhas flutuantes dos Uros em Puno Peru

As ilhas flutuantes dos Uros ficam no Lago Titicaca, a 30 minutos de Puno


Era uma vez um povo muito forte, imune ao raio e ao trovão. Tão forte que podia viver sob as águas, sem se afogar. Essa gente habitou a terra muito cedo, antes da chegada do sol, e viveu em paz.

Até cometer o erro de misturar-se aos humanos, perdendo, assim, sua terra e seu poder. Passaram a viver exilados da mãe-terra, sobre ilhas feitas de junco.

Lago Titicaca em Puno Peru
A totora é abundante nesse trecho do lago Titicaca e é coletada para a construção de barcos e utensílios e para recompor a superfície das ilhas artificiais

Totora, caule usado para construir as ilhas flutuantes dos uros

Essa é a lenda dos Uros, povo que hoje fala a língua Aymara — seu Uruquilla é um idioma extinto — que que vive em 70 ilhas artificiais no Lago Titicaca, nos Andes.

As Ilhas Flutuantes dos Uros são feitas de totora, semelhante ao junco, e estão ao largo de Puno. São cerca de 1.800 indivíduos vivendo, basicamente, do turismo.

Ilhas flutuantes dos Uros em Puno Peru

Ilhas flutuantes dos Uros em Puno Peru
Nas comunidades do Povo Uro, os visitantes aprendem um pouco sobre a história das comunidades e navegam em uma embarcação feita de totora

De Copacabana a Puno: a travessia da fronteira Bolívia-Peru

De Yunguyo a Puno: cadê a luz do Altiplano?
Parece que a natureza sabe que cruzamos a fronteira: a paisagem muda completamente a partir de Yunguyo, a primeira cidade peruana na nossa rota. O Titicaca já não é tão azul e o terreno às suas margens é plano, de um marrom acinzentado, desmentido, aqui e ali, por uma pastagem amarelada.

O tempo também mudou e o céu está pesando toneladas. Lá fora, tudo parece ser cinza-chumbo: o céu, o lago, a estrada e as nuvens. Parece que aquela luz dourada ficou toda lá na Bolívia.


Povoados cor de adobe
Até Puno, atravessamos povoados da cor do adobe, nesse “estilo construtivo” bem peruano: as casa nunca são totalmente concluídas. Explicam-nos que as taxas tipo IPTU só incidem sobre os imóveis prontos...

Cenas do caminho: a moradora fiando a lã das alpacas...

e o transporte local
A estação rodoviária de Puno é um pequeno pandemônio e mal deu tempo de nos despedirmos de Paulo, que vai seguir para Cusco. Uma enviada da Stop Tours nos encontra no desembarque, com os bilhetes para nossa visita às Ilhas Flutuantes dos Uros.

Vi pouco de Puno e o que vi não me comoveu: uma cidade grande, à beira de uma baía do Titicaca, com um trânsito infernal. Nossa passagem por lá foi mesmo para visitar as Ilhas Flutuantes dos Uros, que eu contei como foi aqui neste post:

Antropologia McDonnald's: as Ilhas Flutuantes dos Uros

Bolívia: os quatro espetáculos da Ilha do Sol no Lago Titicaca


Ilha do Sol no Lago Titicaca na Bolívia
Ilha do Sol: a sensação de estar no topo do mundo — e a certeza de que o mundo é muito lindo


Ilha do Sol, no Titicaca (Bolívia), é como aquele filme dos Irmãos Cohen, "No Country for Old Men"— um caso raro de título brasileiro que casa com o original: "Onde os fracos não têm vez".

Mas nem a falta de ar nem choradeira dos joelhos devem demover você da indescritível aventura que é visitar essa maravilha das Américas.

Lago Titicaca visto do topo da Ilha do Sol
Os joelhos e o fôlego vão reclamar, mas vale a pena encarar a trilha até o topo da Ilha do Sol


E não vale só passear pela beirinha do Lago Titicaca. Para ver todos os encantos da Ilha do Sol, é preciso escalar uma trilha cascuda, a 3.800 metros de altitude, chegar ao topo da ilha e sentir-se pairando sobre o planeta.

A Ilha do Sol e todo o Lago Titicaca são de uma beleza que deixa a gente paralisada e sem palavras. Em que outro lugar do mundo você aprecia quatro espetáculos absolutamente acachapantes em apenas 12 horas?

Vista aérea da Ilha do Sol no Lago Titicaca
Nossa primeira visão da ilha foi do avião, sobrevoando o Lago Titicaca, a caminho de Lima


No meu caso, a saraivada de encantamentos da Ilha do Sol começou com o nascer da montanha. Depois, veio o pôr do sol mais lindo da minha vida, visto em meio a um silêncio que eu nem sabia que existia.

Mas não acaba aí: embora a Ilha do Sol já tenha energia elétrica há mais de uma década, o pessoal é extremamente econômico com o uso da iluminação. O resultado é o céu mais estrelado que vi em décadas.

Montanha Illampu vista da Ilha do Sol no Lago Titicaca na Bolívia

O "nascer da montanha": o Illampu acendendo, com a luz do sol poente


Pra completar, tem uma alvorada que dá vontade de saber voar, para fazer uma coreografia tendo aquele céu indescritível como cenário.

Veja minhas dicas da Ilha do Sol e do Lago Titicaca e você vai entender por que a Bolívia precisa urgentemente entrar no seu mapa de viajante:

8 de novembro de 2010

Copacabana, princesinha do Lago Titicaca

Copacabana no Lago Titicaca, Bolívia
Copacabana, cidade que funciona como "capital" do Lago Titicaca e inspirou o nome da praia mais famosa do Brasil


Hoje, nosso dia foi longo. Saímos de La Paz um pouco depois das 8 horas, rumo a Copacabana, via Estreito de Tikina. Foi a nossa rota até a deslumbrante Ilha do Sol, uma das grandes atrações da Bolívia.

O trânsito em El Alto estava mais camarada e a viagem até Tikina durou menos de três horas.

O Altiplano Boliviano no caminho entre La Paz e Copacabana
A aridez do Altiplano Boliviano. Ao fundo, a Cordilheira Real

Primeiro, atravessamos a aridez do Altiplano Boliviano, com a Cordilheira Real nos acompanhando na janela do ônibus.

Depois, no alto das montanhas, rodamos um bom tempo margeando o Lago Titicaca, lindo, lá em baixo, tão imenso e tão azul.

Estreito de Tikina, Lago Titicaca, Bolívia
O  Lago Titicaca, na chegada ao Estreito de Tikina

Copacabana é uma cidade pequena (6 mil habitantes), mas muito visitada pelos bolivianos em peregrinação à Basílica da Virgem de Copacabana, uma devoção que, diz a lenda, foi iniciada por Tito Yupanqui, neto de um imperador inca.

Basílica da Virgem de Copacabana no Lago Titicaca, Bolívia
Basílica da Virgem de Copacabana no Lago Titicaca, Bolívia
Basílica da Virgem de Copacabana no Lago Titicaca, Bolívia
Basílica da Virgem de Copacabana no Lago Titicaca, Bolívia

A Basílica da Virgem de Copacabana é um importante centro de peregrinação na Bolívia


Veja o que você vai encontrar em Copabana, porta de entrada para os encantos do Lago Titicaca:

7 de novembro de 2010

Tiwanaku, Bolívia - a casa de Pachamama

Imagem de Pachamama, divindade dos aymaras, conhecida como "Monolito Bennett"
Depois de 70 anos, Pachamama voltou para casa 
(Foto: jornal La Razón)

O ídolo de pedra, de quase 8 metros de altura e 1.800 anos de idade, fica numa sala do pequeno Museu Lítico de Tiwanaku, ao abrigo do sol e da chuva. O Monolito Bennett — o nome é homenagem ao arqueólogo que chefiou as pesquisas que levaram à sua descoberta — é considerado a relíquia mais preciosa do principal sítio arqueológico boliviano.

Mas é muito mais que isso. Que o diga a mulher de meia idade, em trajes “ocidentais”, comovida diante da imagem. "Pachamama, Pachamama”, repetia ela, de mãos postas, com lágrimas nos olhos, para espanto dos demais visitantes do museu. Ela não falava alto, não fazia alarde. Mas era toda fervor. Até que se ajoelhou diante do ídolo, emocionada.

Porta do Sol de Tiwanaku na Bolívia

A Porta do Sol de Tiwanaku, no Templo de Kalasasaya, era um calendário agrícola


Contemplando a cena, a dois metros de distância, eu estava descobrindo a Bolívia, um lugar onde o passado não é só uma reminiscência. Uma terra onde as tradições atravessam as vitrines dos museus para fazer parte da vida das pessoas.

Imagens de divindades em Tiawanaku
Imagens de divindades em Tiawanaku
Imagens de divindades em Tiawanaku

Imagens de divindades tiwanakotas encontradas no sítio arqueológico


O Centro Espiritual e Político da Cultura Tiwanaku não é apenas um sítio arqueológico, uma “coisa do passado”. É um elemento ainda não completamente desvendado, mas perfeitamente percebido pelos bolivianos como essencial à formação de sua identidade.

Veja como foi a minha visita a esse sítio arqueológico que conta uma história fascinante:

Altiplano Boliviano, cenário perfeito para uma road trip

Cenário de road movie: o belo Altiplano Boliviano e a Cordilheira Real

Música deste post: Trem das Cores, Caetano Veloso

Vasto, dourado, hipnótico: a beleza do Altiplano Boliviano seria de tirar o fôlego — caso a altitude tivesse me deixado algum.

Hoje, atravessamos cerca de 70 quilômetros deste quase-deserto majestoso, pela Ruta Nacional 3, rumo a Tiwanaku, antiga capital de um império cujos vestígios podem ser encontrados do Equador à Lagoa dos Patos, no Rio Grande do Sul.

Lago Titicaca, no Altiplano Boliviano
O Lago Titicaca é uma das belas paisagens do Altiplano Boliviano

O bônus foi a paisagem do Altiplano Boliviano, o cenário perfeito para uma road trip, com sua vastidão acompanhada, ao longe, pelos impressionantes picos nevados da Cordilheira Real.

Veja o que você vai encontrar nesse trecho muito especial da Cordilheira dos Andes:

6 de novembro de 2010

Passeios em La Paz - uma tarde na colina dos namorados


Montanha Illimani em La Paz na Bolívia

É tradição dos casais de La Paz pedirem a bênção ao Apu Illimani


Numa cidade cercada por montanhas, o que não falta são passeios em La Paz que terminem em algum mirante com vista espetacular para seu horizonte, dominado pela espetacular Montanha Illimani, um vulcão extinto cujo pico está 6.400 metros de altitude.

O Illimani é o ponto culminante da linda Cordilheira Real, imagem quase onipresente no horizonte da capital boliviana.

Mirante de El Montículo em La Paz na Bolívia
A balaustrada do mirante de El Montículo está toda rabiscada de juras de amor. Ao fundo, a Cordilheira Real

Noivos recebem a bênção do vulcão Illimani em La Paz
Noivos recebem a bênção do vulcão Illimani em La Paz
Após a cerimônia católica, os noivos vão a El Montículo receber a bênção do Apu Illimani


Os aymaras — principal contingente populacional da Bolívia — acreditam que os picos nevados da cordilheira são seus antepassados, os Apus, que protegem e trazem boa sorte.

Na vida cotidiana de La Paz são muitas as demonstração de respeito a essas entidades. Uma das mais interessantes é o costume de pedir a bênção da montanha para os namorados e para os recém casados, logo após a cerimônia católica.

parque El Montículo em La Paz na Bolívia
parque El Montículo em La Paz na Bolívia
parque El Montículo em La Paz na Bolívia
parque El Montículo em La Paz na Bolívia
Aos sábados, dia preferido para  os casórios, o Parque El Montículo fica cheio de recém-casados 

Um dos lugares favoritos para evocar a bênção dos Apus é o pequeno parque de El Montículo, no topo de uma elevação que vou chamar de "colina" — comparado com o relevo em volta de La Paz, até o Corcovado é "pedregulho"... — no bairro de Sopocachi, parte Sul da cidade.

O parque oferece vista de 180 graus para o Sudoeste de La Paz — exatamente a direção da Cordilheira Real — com uma igrejinha cuja torre parece ter saído de uma missão espanhola de western-spaghetti, muito concorrida para a realização de casamentos.

Igreja da Imaculada Conceição em El Montículo em La Paz
Igreja da Imaculada Conceição em El Montículo em La Paz
Igreja da Imaculada Conceição em El Montículo em La Paz

A igrejinha da Imaculada Conceição, em El Montículo, estava lotada para mais um casamento diante do Illimani


O mirante de El Montículo fica de cara para o Illimani, a "águia dourada". O velho vulcão é especialmente hipnótico ao crepúsculo: à medida que a tarde vai caindo, o sol vai tingindo suas neves eternas, que refletem todos os tons de dourado possíveis.

É um espetáculo que, sozinho, justifica a subida ao altiplano boliviano, a respiração entrecortada e a tontura decorrentes da altitude.

Bairro de Sopocachi em La Paz na Bolívia
Sopocachi, onde está El Montículo, é um bairro boêmio onde os estudantes de La Paz adoram se divertir
Montanha Illimani em La Paz na Bolívia
Montanha Illimani em La Paz na Bolívia
O Illimani é hipnotizante, né?

Estive em El Montículo em uma tarde de sábado. O lugar era puro sossego, até ser tomado por um alegre alarido: lá vem a noiva!

De véu, grinalda, buquê e vestido meia cauda, ela posava para fotos, cercada de gente de roupa engomada, que não parava de bombardeá-la com uma espécie de estopa, uma neve fake (referência às neves eternas da montanha) que, desde cedo, cobria as calçadas em frente a todas as igrejas por que passei — sábado parece ser o dia preferido para casamentos em La Paz.

Nem deu tempo de achar graça. Por outra vereda do parque já despontava outra passeata semelhante. E depois mais outra, e outra... Uma profusão de noivas tomando El Montículo de assalto.

Foi assim que eu descobri esse simpático costume paceño. O Illimani não entra na igreja, mas é o principal padrinho de casamento em La Paz. É a ele que são feitas as maiores reverências, dirigidos os pedidos de felicidade, harmonia e muitos filhos saudáveis.

Depois, a montanha "posa" para as fotos com o casal e fica para sempre registrado no álbum que os noivos vão mostrar aos netos.

Uma tradição muito singela e bonita—e, vamos combinar, muito mais bacana do que prender cadeados em pontes e assemelhados, que além de danificar patrimônio público, ainda reflete uma ideia muito pouco avessa à liberdade que deveria ser associada ao amor.

Quando você for a La Paz com seu amor, dê uma passada por El Montículo para pedir a bênção do Illimani.

Como chegar a El Montículo

O endereço do parque é Plaza El Montículo s/n, na esquina das ruas Gregório Reynolds com Presbítero Medina, bairro de Sopocachi.

Do centro de La Paz até o mirante, pagamos 10 bolivianos na corrida de táxi. São cerca de 2,5 km de distância.

A Bolívia na Fragata Surprise
Os quatro espetáculos da Ilha do Sol
Copacabana, princesinha do Lago Titicaca

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